segunda-feira, 13 de abril de 2009

VIOLETA PARRA

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DOU GRAÇAS À VIDA

Dou graças à vida, que me tem dado tanto
Me deu dois olhos, que quando os levanto
Perfeitamente distingo o negro do branco
E entre todos, o homem que eu amo

Dou graças à vida, que me tem dado tanto
Me deu ouvido sensível e amplo
Que ouve, noite e dia, grilos e canários
Martírios, motores, latidos, jantares
E a voz tão terna do meu bem amado

Dou graças à vida, que me tem dado tanto
Meu deu os sons todos e o abecedário
com eles palavras, que penso e declamo:
Mãe, amigo, irmão e a sol iluminando
E o rumo d’ alma de quem estou amando

Dou graças à vida, que me tem dado tanto
Me deu a marcha para meus pés cansados
Com eles ando por cidades e charcos
Praias e desertos, montanhas e altiplanos
A casa aonde ele mora, sua rua e átrio

Dou graças à vida, que me tem dado tanto
Me deu um coração que se agita no peito
Quando vejo o que cria o cérebro humano
Quando vejo que o bem, o mal anula
Quando olho o fundo do teus olhos claros

Dou graças à vida, que me tem dado tanto
Me deu o sorriso e me deu o pranto
Se eu claro distingo amor e dano
Duas matérias que formam meu canto
O canto que é seu, que é meu próprio canto
O canto de todos é meu próprio canto

Gracias a la vida
Versão Célio Pires, direitos reservados

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Após um dramático final de um relacionamento amoroso, Violeta Parra suicidou-se em 5 de fevereiro de 1967, com 49 qanos, Dizem que se apaixonou por um jovem de dezessete anos, e até compôs outra música, Volver a los 17, como forma de expressar seu amor e sua vontade de voltar à idade de dezessete anos. O fracasso de um empreendimento e deste amor não correspondido a teriam levado ao suicídio.

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